23 de novembro de 2024

O Legado de Dom Mário

Há pessoas que passam por esse mundo e deixam um rastro de estrelas, como luzes, para iluminar o caminho dos que ficaram. A isso chamamos de LEGADO.

O legado que Dom Mário deixou eternizada a sua MISSÃO, com sua forma alegre de viver e de realizar grandes obras em Paulo Afonso e toda região do semiárido baiano.

Assumiu uma luta diária em favor dos menos favorecidos, das crianças e jovens e das questões sociais, assumindo um papel de competente conciliador

Vários foram os embates com a CHESF, na época da construção das barragens do Rio São Francisco- da PA IV e de Itaparica, na defesa dos que se viam perdendo as suas terras.

Sua luta incansável nos mostra um Padre que, depois se tornou Bispo e, chegando aqui, nesse torrão nordestino, trouxe as novidades do primeiro mundo para a região. Parece que ele sabia que o seu tempo não seria tão longo e por isso mesmo, vivia sempre correndo, geralmente suado, para concluir as suas grandiosas ações de cada dia.

Querido por todo um povo, tinha linha direta com o alto escalão dos municípios da Diocese e região e também com os governos do Nordeste, especialmente com os estados que fazem limites com a nossa cidade: Alagoas, Pernambuco e Sergipe.

Era grande sua satisfação quando via os planos se tornando realidade, sabendo que ali também estava a vontade de DEUS, que lhe confiara a missão de SER PASTOR para cuidar do seu rebanho.  E COMO ELE CUIDOU!!!

CONTEXTUALIZANDO A VIDA DE DOM MARIO

 Em 29 de janeiro de 1938, na província de Novara, no norte da Itália, nascia Mario Zanetta, filho de Luigi e Rosa. Teve um único irmão, Giuseppe, falecido em 1987. Iniciou os estudos na cidade de Borgomanero.

Em 1949 – ingressou no Seminário São Luigi de Biasino, onde fez o curso ginasial. Em 1955, transferiu-se para o Seminário Maior São Gaudênzio de Novara, onde realizou os estudos de segundo grau e os cursos de Filosofia e Teologia.

24 de junho de 1962 – Acontece a sua Ordenação Sacerdotal, na Festa de São João Batista, em Novara.

Em 25 de Março de 1969 – recebeu o Crucifixo do Mandato Missionário, juntamente com Padre Lourenço Tori, companheiro da nova missão.

 28 de março – partem do porto de Gênova, na Itália, desembarcam no Rio de Janeiro e dali vão para Senhor do Bonfim – sede da Diocese a qual pertencia Paulo Afonso.

No dia 24 de maio de 1969 – os Padres Lourenço Tori e Mário Zanetta chegam a Paulo Afonso. Naquela época, a cidade era um imenso canteiro de obras e milhares de pessoas chegavam de todo Nordeste para trabalhar nas obras de construção das barragens do Rio São Francisco, pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF.

Foram anos de muitas lutas e intensos trabalho: Organização de grupos e comunidades, formação de líderes, construção de escolas, creches, capelas e abrigos para idosos entre muitas outras ações.

 No dia 3 de fevereiro de 1973 – Padre Lourenço Tori morre, tragicamente, num acidente. Padre Mário recolhe a herança do amigo e segue em frente…

NOS 15 ANOS SEGUINTES – Padre Mário tornou-se um dos protagonistas do tumultuado e rápido crescimento de Paulo Afonso. No início, com os Padres Alfredo e Alcides Modesto e depois com os colegas Luciano Pio, Marta, Antônio Miglio, Ricardo Buzzati. Juntos construíram creches e escolas chamadas de Casas da Criança, através da Liga Social Católica; Incentivaram mutirões, encaminharam dezenas de pequenas atividades produtivas; Edificaram igrejas e capelas; Constituíram grupos e movimentos e formaram centenas de lideranças.

Paralelamente, Padre Mário desenvolvia um intenso trabalho pastoral que o levou a conhecer e ser conhecido em todos os recantos e, no nosso entender, se tornou um grande “DIPLOMATA” na lida com difíceis ações de conciliação, entre as partes envolvidas, nas grandes questões sociais e ambientais.

Em 1972 – Com a criação da DIOCESE DE PAULO AFONSO Padre Mário foi Vigário Geral do primeiro e do segundo Bispo Dom Jackson Berenguer Prado e Dom Aloísio José Leal Pena.

15 de junho de 1988 – Padre Mário Zanettta é nomeado Bispo pelo Papa João Paulo II.

14 de agosto de 1988É Sagrado Bispo em Paulo Afonso por Dom Aloísio Pena, seu predecessor.

De 1988 a 1998 – Foram dez anos de grande atividade episcopal. Criou cinco novas Paróquias, ordenou 16 Padres e trouxe, para trabalhar na Diocese, numerosas Comunidades de Religiosas e alguns Sacerdotes.

Incentivou a formação e estruturação das pequenas comunidades de base e de grupos e associações, entre eles:  o Cursilho de Cristandade, a Renovação Carismática Católica, o Encontro de Casais com Cristo, o Grupo Bíblico, a Legião de Maria, Vicentinos…

Criou e incentivou as diferentes Pastorais Diocesanas: Catequese, Comunicação, Carcerária, da Criança, Indigenista, da Juventude, do Menor, da Mulher, dos Pescadores, Rural, da Saúde e a Vocacional.

Apoiou a estruturação do Seminário da Paraíba, em João Pessoa, onde estudou a maioria dos Seminaristas da Diocese, como o Centro Regional de Estudos.

Fiel ao seu Lema Episcopal, CREMOS NA CARIDADE, Dom Mário foi um grande defensor das causas sociais. Difícil enumerar os casos que o viram protagonista ou participante: Os desabrigados da Barragem de Itaparica, a Campanha contra a violência na região de Paulo Afonso; a luta pela demarcação das terras indígenas, entre outras.

Sua contribuição foi decisiva para a criação da FUNDAME –Fundação para o Amparo ao Menor de Paulo Afonso; o Centro Diocesano de Artesanato – para dar formação e trabalho a centenas de mulheres; a Escola Profissionalizante Padre Lourenço Tori; a Campanha contra a privatização da Chesf; o Projeto Esperança, onde foram assentadas 14 famílias; a Escola Família Agrícola para a formação dos filhos de agricultores; a Casa de Acolhida.

Dom Mário foi um apaixonado pela comunicação e deixa grandes realizações neste campo. Um dos últimos sonhos realizados por ele foi ver o sinal da Rede Vida de Televisão retransmitido para Paulo Afonso.

Desde 1995 – Dom Mário era Presidente do Regional Nordeste 3 da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que compreende as 23 Dioceses da Bahia e Sergipe…

Desde 1994 – Dom Mário era Presidente Nacional da CPP – Comissão Pastoral dos Pescadores. Por conta deste cargo, visitou colônias de pescadores artesanais em todo o Brasil e realizou viagens à Europa para divulgar este tipo de Pastoral.

Dom Mário era também Presidente, pelo segundo mandato, do IRPAA – Instituto Regional para a Pequena Agropecuária Apropriada, com sede em Juazeiro, Bahia.

Dia 4 de novembro de 1998 – D. Mário começava a última etapa da sua vida terrena. Por volta das 14 horas, em sua residência, foi acometido por um grave Acidente Vascular Cerebral que o deixou em coma. Teve paradas respiratórias e cardíacas. Levado prontamente para Recife deu entrada no Centro de Terapia Intensiva do Real Hospital Português.

Dia 13 de novembro – foi removido do Centro de Terapia Intensiva para mais um exame de controle. No trajeto, até a sala do exame, sofreu uma parada cardíaca. Atendido, foi reanimado, mas, em poucos minutos, sofreu uma segunda parada – esta fatal!

Faleceu às 18h20, hora de Recife.

Dia 14 de novembro – O corpo foi trazido de volta a Paulo Afonso, sendo levado para a Catedral Diocesana. Durante dois dias e duas noites, foi enorme o fluxo de pessoas que foram se despedir do seu amado Pastor Amigo.

Dia 16 de novembro – O funeral foi realizado tendo início às 09h30, com uma Missa Campal em frente à Igreja Catedral. Presidiu a celebração Dom Aloísio Pena, seu Predecessor, ladeado por 16 Bispos e cerca de 50 Padres.

Seus familiares e grandes amigos chegaram da sua bela Itália

Às 11h30 – o féretro seguiu para o Cemitério Padre Lourenço Tori, acompanhado a pé, por uma imensa multidão.

Por volta das 13h00, – o corpo de Dom Mário desceu ao túmulo, preparado ao lado dos restos mortais de Padre Lourenço Tori, companheiro da primeira e desta derradeira hora.

DESCANSE EM PAZ, DOM MARIO!!!

O legado por ele deixado, jamais será esquecido porque vem sendo passado para as novas gerações e todos têm um grande amor e admiração por suas obras, seus ensinamentos, suas  emoções amorosas e valores com que a todos presenteou.

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